Kyūdō, o caminho do arco, é uma arte marcial de origem japonesa onde se pratica o tiro com arco, sendo considerada sua mais antiga arte marcial, com as primeiras menções históricas datadas do século VII da nossa era.
Para os praticantes, os Kyudokas, atingir o alvo não é o mais importante, mas conseguir alcançar a estabilidade do corpo, da mente e do arco, em um desenvolvimento físico, moral e espiritual, já que sua utilidade como arma a muito já passou. Esse nome, Kyūdō passa a ser utilizado ao longo do século XVII, generalizando-se ao longo do século XX. Ao longo do século XX as técnicas de Kyūdō são unificadas para que o ensino possa ser padronizado juntamente com suas aplicações vindo a se consolidar nos anos de 1950s.
Existem federações de pratica de Kyūdō pelo mundo todo, inclusive no Brasil, que foi fundada no ano de 2007, no Rio de Janeiro, com filiais em Brasília e Fortaleza.
O arco japonês tem um significado cultural amplo no Japão. A sua utilização não se limita ao Kyūdō, sendo utilizado no tiro a cavalo, yabusame, e em cerimonias religiosas, principalmente no shintoísmo, nas atividades diárias de alguns mosteiros zen em cerimónias diversas como batizados e aberturas de torneios de sumô.
Os equipamentos e ambientes para a prática do Kyūdō são:
O arco japonês é chamado yumi, ele é muito longo com cerca de 2,20 m, sendo maior que o próprio arqueiro, que é chamado de kyudoka. São feitos de bambu, madeira e couro, utilizando técnicas que não mudaram em séculos, apesar de alguns kyudokas modernos usarem arcos feitos de materiais sintéticos como fibra de vidro e carbono.
Flecha
A flecha é chamada ya, tradicionalmente feita de bambu, e adornada com penas de águia ou de falcão. Atualmente elas ainda são feitas, em sua maioria, de bambu, mas podem ser encontradas em materiais como alumínio e fibra de carbono, com penas de aves mais comuns, tais como perus! Os arqueiros normalmente atiram duas flechas de cada vez, a primeira chama-se haya, a segunda otoya.
Luva
No tiro utiliza-se uma luva na mão direita chamada yugake. Esta luva é feita de couro, e possui um revestimento endurecido na região do polegar, além de um pequeno encaixe na sua base para que a corda do arco seja mais facilmente puxada. Existem diversos tipos de luva de acordo com o número de dedos que têm. A luva de três dedos (polegar, indicador e médio) chamada de mitsugake. A luva de quatro dedos (polegar, indicador, médio e anelar) chamada de yotsugake. A luva de cinco dedos chamada de morogake sendo a menos comum.
O Uniforme
O uniforme para a prática do Kyūdō consiste no Kyudo-gi, um tipo de kimono branco, no Hakama, uma espécie de "saia-calça" preta, no Obi, faixa, e nos Tabi, meias. Mulheres podem ainda utilizar o Muneate, um protetor para o tórax.
O Alvo (Mato)
Há diversos tipos de alvos em uso atualmente, mas o mais comum mede 36 centímetros de diâmetro, consistindo de uma moldura cilíndrica de madeira ou plástico com uma face circular de papel. O alvo é posicionado a cerca de 9 centímetros do chão, levemente inclinado para trás, sobre um anteparo de areia ou terra.
O Dojo
É o local onde se pratica o Kyūdō. Um Dojo padrão é construído para que grupos de 3, 4, 5 ou múltiplos de 5 arqueiros possam disparar juntos em alvos individuais, com movimentos coordenados. A distância entre os arqueiros e os alvos é de 28 metros.
O Makiwara
O Makiwara é um cilindro compacto de palha de arroz, colocado sobre um suporte de madeira, utilizado para a prática do Kyūdō em locais de pouco espaço. O arqueiro se posiciona a uma pequena distância do Makiwara.
A Prática do Kyūdō
O ato de se disparar a flecha no Kyūdō é dividido em 8 estágios fundamentais, conhecidos como o Hassetsu. Estes estágios são: Ashibumi, o posicionando os pés. Dozukuri, corrigindo a postura, Yugamae, preparando o arco, Uchiokoshi, erguendo o arco, Hikiwake, puxando o arco, Kai , Hanare, soltando a flecha e Zanshin, a "continuação".
Ao se executar esses 8 passos, há diversos fatores a se considerar, tais como: a postura do corpo, a empunhadura, Tenouchi, a maneira de se ver o alvo, Monomi, a respiração, a mira, o excesso de tensão dos músculos e muitos outros, cruciais no resultado do disparo. Como em toda arte marcial, no entanto, o mais importante é a prática e a perseverança.